OS RUÍDOS QUE NÃO ESCUTAMOS.
Por: Germano Gonçalves.
Não poderia resenhar esta obra “Ecos do Silêncio” de Francis Gomes sem mencionar o quanto queria ler essa obra, quando tive o privilégio de prestigiar uma apresentação do autor no sarau suburbano convicto, mas talvez por ironia do destino, ou por que tudo tem seu momento, naquela oportunidade não adquiri o livro, e passaram-se meses até que em um festival de literatura marginal, no espaço periferia invisível, organizado com participação do escritor Alessandro Buzo, onde ele convidou vários poetas para falar do ser escritor e de suas obras, estava lá neste dia o Gomes, e em um momento foi anunciado que iriam sortear livros, e foi nesse momento que em um dos sorteios acabei contemplado com a obra de Gomes, fiquei muito contente, satisfeito mesmo, pedi o autografo dele e disse: “Você nem imagina o quanto queria ter esse livro”.
Pois bem e, agora tenho o prazer de aqui relatar é claro minuciosamente esta obra, os ruídos que não escutamos por que ecos nós escutamos, e está obra também é um ruído, pois os versos do poeta sussurram e berram aos quatro cantos e, vão ecoando no universo, e quando esse eco passa, os ruídos ficam na mente das pessoas.
Eu estava certo em querer esta obra, pois logo no inicio percebi a criatividade de Gomes, um poema com seus versos em forma de ecos, aí realmente eu tive que ficar em silêncio e, saberia que tinha que calar-me diante do que viria pela frente, achei magnífico de uma capacidade incrível que só os poetas têm, mas vamos à obra vocês leitores já perceberam o que vão encontrar, então desde já eu lhes convido tenham essa obra deixa eu vos falar, Gomes também o é cordelista isso mesmo, mas antes ele nos trás uma poesia que não poderia de citar; “Eu queria ser” (p.13), que ecoa amor, na poesia tem uma carga rica de elementos poéticos que faz o amor sempre estar entre os poetas, como eu falei é logo de cara que Gomes vai te prender pelas páginas de sua obra, vejam “Saudades” (p.14), onde aí está o cordelista que falei, certo que traz as estrofes em: septilha ou sétima são compostas com sete versos, que também predominam em quadrinhas e músicas populares, pois são versos simples e de popularidade, e que aqui talvez por sua criatividade possamos ler em forma de cordel, que vai ficar muito bom e gostoso de se apreciar e, assim vamos passando as vistas na obra, apreciando seus poemas com toques de um sentimento que predispõe alguém a desejar o bem de outrem, ou de alguma coisa, como vocês leitores vão perceber, pois foi isso que exatamente senti, mas vamos seguindo aí vamos nos deparar com o que digo o gênero cordel do autor, está em “Meu Brasil” (p.22), não sei se por característica do autor ele segue no ritmo aqui em sua obra, continua nessa margem por que da pra se perceber o estilo cordel quando começamos a ler suas poesias, e menciono isso por que você leitor, não só tem que ler esta obra como se possível conhecer o autor, pois a cada poema que ler sentira a presença deste grande poeta.
Não que eu queira direcionar o poeta a escrever seus versos, apenas por observação própria, e quem ler esta obra, também terá sua opinião, mas lembremos de que para isso tem que se ler mais de Gomes, aprofundar em seus escritos, aqui estou apenas fazendo um breve relato do que o poeta me fez entender, tanto que senti em suas poesias a necessidade de mostrar suas comoções em relação a causas sociais, em o “Natal da criança pobre” (p.24), tem a visão do mundo dos menos favorecidos, ele pede a Deus que não por sua causa, uma criança fique sem sua alegria, de ganhar um presente, na falsidade do natal, as injustiças sociais presentes também em vários poemas seu isso mostra que o poeta não é só amor, também o é, mas tem suas angústias e preocupações com a sociedade, nos alertando e gritando seus ecos para que não fiquem em silêncio.
Algo que notei nos escritos de Gomes, sua qualidade de fazer poemetos, poesias que usa em suas estrofes apenas tercetos, quartetos e não passa de quintetos, sabe dar o recado, pois para o poeta não precisa alongar-se muito, para mostrar o que sente e o que é, podemos observar em: “Como agir” (p.26), “A grande muralha” (p. 28) e “Contraste” (p.29) fazendo valer seu anunciado.
Ecos do Silencio, está na página 27, não como no inicio da obra, em uma estética em forma de eco, ruídos talvez, pois afirma e grita o que sente, que as palavras vão sim ecoar, mas que não é para acabar tem que ficar ecoando entre a natureza, mesmo que o mundo seja oculto aos ecos, o poeta vai repetir para que seus versos não fiquem no silêncio, ele quer que fique por todos os cantos, termina a poesia assim, peço aqui licença ao poeta e deixo seus versos:
“E descrevo em versos”.
Como um pintor numa tela
Ecos do silêncio
Que o invisível revela”.
Sentiram caros leitores o eco que não se silencia, apesar de invisível ele se revela, e aqui ganha visibilidade nos versos do poeta.
Nessa obra o poeta faz conhecer que o ser humano, assim como ele também sofre, chora, sente dor e se revolta, ama e o mais importante, que o poeta também é de carne e osso, és um imortal, pois vai deixar o seu ser na eternidade de suas obras, mas é humano e isso ele nos mostra em seus poemas, como o que direciona a seu pai, aos homens que não tem atitudes, deixando o vazio sempre lhes vencer, como se dizendo se não tem nada para se fizer, não faço, já o poeta ele quer buscar e passar o conhecimento, mesmo que em forma de saudades como faz Gomes, saudade dos amores, de sua terra natal e saudades de um tempo em que não viveu, mas que como poeta sente, de um país, que poderia ter herdado a cultura indígena, e respeitado mais seu povo.
Não sei se posso mencionar aqui que o poeta com sua criatividade nos faz lembrar-se de José, de Drummond com sua poesia; “E agora seu moço” (p.43), deixará para você leitor apreciar a obra de Gomes, fica aqui como um eco no silêncio, e te deixando caro leitor com um ruído impossível de escutar, mas que vai te atormentar até ler esta obra.
Com a certeza de que Gomes vai ecoar essas e outras palavras por aí a fora, na imensidão das regiões por onde passar, todos vão escutar seus ecos do silêncio, e que ecoem suas palavras é o que eu desejo a este poeta, que tive o privilegio de conhecê-lo, mesmo que por alguns momentos, mas que se faz presente em sua obra, no meu cotidiano.
E dizer que os ruídos que não escutamos, são ecos que não ouvimos por que não queremos, mas que estão aí nos avisando e anunciando que podemos ter um mundo melhor para se viver, valeu!