e para começar uma poesia falando do que o progresso nos traz.
Meu paraíso no sertão
Tenho saudades
daquelas noites enluaradas
Quando eu
ficava até altas madrugadas,
Contando
estrelas no céu azul do meu sertão.
Fogueira acesa
para espantar os bichos
Um café preto
sem açúcar, no capricho,
Ouvindo o som
saudoso de um violão.
Quando não
estava sentado numa cadeira,
Ouvindo o
rádio tocar moda sertaneja,
Era deitado
numa rede a balançar.
Quando
entrava deixava a janela aberta,
Pra ver a lua
entrando por entre as frestas
E adormecia
vendo os raios do luar.
Muitas vezes eu
ficava a noite inteira...
Ouvindo o
uivo do lobo na ribanceira,
Até os
pássaros começarem a cantar.
E quando o
sol vinha surgindo atrás dos montes,
Eu levantava
ia me banhar na fonte
Depois saia
pro roçado carpinar.
Assoviando
sozinho pelo caminho,
E acompanhando
a melodia os passarinhos,
Junto comigo
pulando de galho em galho.
Assim eu era
feliz vivendo no mato,
Quando as
estradas ainda não tinham asfalto,
Era de terra
coberta pelo cascalho.
A onde eu
moro, aqui nas terras do sul,
É diferente o
céu não é tão azul,
Nem bonito
como é no meu lugar!
E o por do
sol não tem a mesma magia,
Também não
tem passarinhos cantoria,
Nos fins de
tardes, como existia lá.
Até a lua,
parece ser apagada,
Vive
encoberta também não é prateada,
Não tem o
brilho do luar do meu sertão!
E as
estrelas, nunca mais pude contá-las,
Atrás das
nuvens nem consigo enxergá-las,
Escondidas
envoltas na poluição.
Hoje distante
do meu velho pé de serra
Só a saudade
em meu peito se encerra,
Como um
punhal cravado em meu coração.
Pois são
lembranças que o tempo não apaga...
Este
progresso que se alastrou feito praga,
Destruiu meu
paraíso no sertão.
Francis Gomes
PARABÉNS, BELO TRABALHO PÉTICO
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