POETA FRANCIS GOMES
POETA FRANCIS GOMES
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sábado, 29 de dezembro de 2018
sexta-feira, 21 de dezembro de 2018
quarta-feira, 14 de novembro de 2018
Eu sou água
Eu sou água,
Portanto não tente tirar minha originalidade
É bobeira tempo perdido.
Eu sou água em todos os estado,
Em todos os lugares,
Em todas as estações do ano
Em qualquer situação.
Se me congelarem,
Se tentarem desaparecer comigo
Me aquecendo ao máximo
Achando que vão me fazer evaporar,
Besteira tempo perdido.
Sou água no estado sólido, gasoso e líquido.
Eu sou água, e como água sou rio, sou barragem,
Sou açude, Sou mar.
Livre ou preso sou água.
Estou em todos os lugares.
Trago alegria, felicidade, paz.
Estou dentro de seu corpo,
E por sinal em grande quantidade,
Na hora da alegria ou da tristeza,
Faço dos seus olhos minas,
Do seu rosto rio,
E caio como cascata no chão
Em forma de lágrimas
Porque eu sou água.
Sou doce e salgado,
Eu sacio a sua cede
Acaricio seu corpo
Para te refrescar no calor
Conheço seu corpo por fora e por dentro
Cada curva cada centímetro dele.
Eu sou água estou em tudo, e todos que existe
Em todo ser vivo e morto,
Sou concreto e abstrato.
Tenho livre acesso a terra e ao céu
Habito nas nuvens, desço e subo até elas
Sem usa escadas.
Mas se me aborrecerem
Eu subo e desço pra destruir meus inimigos
Para derrubar casas, acabar estradas, montanhas,
Arranco árvores, me levando no mares,
invado cidades e só me acalmo quando quero.
Depois me permito ser usado
Para reconstruir o que destruí.
O fogo não me queima apenas me aquece,
Não tira minha originalidade,
E continuo sendo água em todo os estados
Sólido, líquido e gasoso.
Em todos os lugares
Preso ou livre,
Em todas as estações.
Eu não preciso de ninguém para ser água
Mas vocês precisa de mim para existir
Porque simplesmente sou água.
Francis Gomes
segunda-feira, 22 de outubro de 2018
Escravidão moderna
Me digam , me digam o que mudou
Depois que a princesa Isabel assinou
Aquela fajuta lei de liberdade?
Mudou, os fazendeiros e capitães do mato
Os navios negreiros estão nos trilhos e no asfalto
E as senzalas invadiram a cidade
Trens e ônibus lotados a circular
Com escravos brancos e negros para trabalhar
Pela mesmo sonho de liberdade que não vem
E assim como no passado
Muitos dos irmãos escravizados
Escravizam o próprio irmão também
A única coisa que realmente mudou
É que a escravidão se modernizou.
As senzalas, os escravos os senhores.
A casa grande: edifícios, condomínios mansões,
Senzalas: cortiços, favelas, ocupações
Mas não houve alterações dos valores.
Continuamos escravos isto é fato
Perseguidos por senhores e capitães do mato
Lobos raivosos por nossa captura
Mas assim como nosso ancestrais
Só nos resta lutar cada vez mais
Até quebrarmos os grilhões da escravatura.
Francis Gomes
Exata sem exatidão
Por mais que a matemática seja exata
No estudo da numerologia
A física a química tente explicar
Por intermédio da biologia
A ciência não consegue desvendar
Nem a matemática consegue calcular
Quanto o amor cresce ou diminui por dia
A física com suas teorias
Sobre peso, massa e calor
Não explica o peso da paixão
Nem tão pouco a massa do amor
Até entra em contradição
Sobre o ponto de ebulição
E também o grau do seu fulgor
Nem exatas nem humanas
Com toda sua teoria
Explicam o corpo humano
Por meio da geografia
Suas áreas geométricas
Simétricas e assimétricas
Mistérios da anatomia
O peito se torna pequeno
Para um coração grande de mais
Que quando se apaixona
Assume formas anormais
Por mais que seja um corpaço
Ainda falta espaço
Quando se ama de mais.
Francis Gomes
domingo, 7 de outubro de 2018
Nordestino
Eu falo para este tipo de gente
Que não tem classe, nem porte
Mais triste que a própria morte
Rude intolerante inconsequente
Sem espírito coração nem mente.
Nestes versos eu vos previno
Imagine pense no seu destino
Mas se caso puder me conteste
Imagine o Brasil sem o nordeste
Como seria se não fosse o nordestino?
O que seria de São Paulo, Rio de janeiro
Rio Grande do sul, Curitiba, Paraná
Santa Catarina, Florianópolis sei lá
Minas, o sudeste o sul inteiro
Sem este povo bravo guerreiro
Este povo trabalhador matutino
Que você chamam de clandestino
Mas pensem você do sul e sudeste
Imaginem o Brasil sem o nordeste
Como seria se não fosse o nordestino?
Quem teria construído vosso conforto
As tubulações de gás os dutos
As pontes, as escolas os viadutos
Igrejas, faculdades, os aeroportos
As estações de trens, metrô os portos
Me digam qual seria o destino
De você que é sulino ou sudestino
Seu preconceituoso da peste
Imagine o Brasil sem o nordeste
Como seria se não fosse o nordestino?
Pare de falar tanta heresia
Engula seu preconceito fascista
Por mais que não queira admita
Sem nós você nem se quer existia
Então pense imagine como seria
Grande e grosseiro o desatino
De você preconceituoso sem tino,
Mas se caso puder me conteste
Imagine o Brasil sem o nordeste
Como seria se não fosse o nordestino
Francis Gomes
segunda-feira, 24 de setembro de 2018
quarta-feira, 8 de agosto de 2018
domingo, 24 de junho de 2018
segunda-feira, 18 de junho de 2018
Próximos e distantes, amados e carentes
Te quero mais do posso mais do que devo
Por isso mesmo me atrevo
Na loucura deste amor
Você também me quer mais do deve
Por isso também se atreve
Em me querer sem pudor
Eu tento, tento resistir este desejo
Mas toda vez que te vejo
Perco o rumo à razão
Mesmo sabendo que este amor é impossível
Sinto um desejo irresistível
De me entregar a esta paixão
Muitas vezes até me sinto culpado
Acho até que é pecado
Te querer desta maneira
E mesmo que este amor seja pecado
Se você me quiser, certo ou errado
Me entrego e te amarei a vida inteira
E assim vamos vivendo este dilema
Eu te quero você me quer mas o problema
Somos astros com itinerários diferentes
Eu sou a lua de tua noite fria
Você o sol que ilumina o meu dia
Próximos e distantes, amados e carentes.
Francis Gomes
domingo, 17 de junho de 2018
O conversar dos seres
Numa noite
escura, de tristeza imensa,
O vento uivava em minha janela,
O céu coberto com uma nuvem densa,
Não me trazia o vento uma notícia dela.
Numa noite escura, de tristeza imensa.
O vento uivava em minha janela,
O céu coberto com uma nuvem densa,
Não me trazia o vento uma notícia dela.
Numa noite escura, de tristeza imensa.
Olhei o céu, mas não
tinha estrelas,
Uma nuvem negra tirava a visão,
Mesmo que tivesse, não podia vê-las,
Uma dor cegava-me, e na escuridão,
Olhei o céu, mas não tinha estrelas.
Uma nuvem negra tirava a visão,
Mesmo que tivesse, não podia vê-las,
Uma dor cegava-me, e na escuridão,
Olhei o céu, mas não tinha estrelas.
Perguntei ao vento
cavaleiro errante...
Tu, que no espaço vive a cavalgar,
Tu que és um eterno viajante,
Viste meu amor em algum lugar?
Perguntei ao vento cavaleiro errante.
Tu, que no espaço vive a cavalgar,
Tu que és um eterno viajante,
Viste meu amor em algum lugar?
Perguntei ao vento cavaleiro errante.
Respondeu-me
ele com palavras duras:
-Sou eu por ventura mensageiro teu?
-Já não basta a ordem, do Deus das alturas?
-Que me faz soprar até quem morreu
Respondeu-me o vento com palavras duras.
-Sou eu por ventura mensageiro teu?
-Já não basta a ordem, do Deus das alturas?
-Que me faz soprar até quem morreu
Respondeu-me o vento com palavras duras.
No passar
da noite, com a aurora vinda,
Eu fiquei ouvindo o conversar dos seres:
Murmurava a relva: - não tem sol ainda?
Respondia a flor: - Tu não podes ver?
No passar da noite, com a aurora vinda.
Eu fiquei ouvindo o conversar dos seres:
Murmurava a relva: - não tem sol ainda?
Respondia a flor: - Tu não podes ver?
No passar da noite, com a aurora vinda.
Suplicava
as trevas: - noite não vá
Festejava as rosas:- o sol esta vindo
Falava o escuro: - eu irei voltar
Gorjeava os pássaros: - como o dia é lindo!
Suplicava as trevas: - noite não vá
Festejava as rosas:- o sol esta vindo
Falava o escuro: - eu irei voltar
Gorjeava os pássaros: - como o dia é lindo!
Suplicava as trevas: - noite não vá
Quando a
brisa mansa soprou sobre a terra,
E eu vi nos seres aquela alegria,
Quando o sol surgiu por detrás da serra,
Aquela tristeza de mim também fugia,
Quando a brisa mansa soprou sobre a terra.
E eu vi nos seres aquela alegria,
Quando o sol surgiu por detrás da serra,
Aquela tristeza de mim também fugia,
Quando a brisa mansa soprou sobre a terra.
O meu
coração muito se alegrou,
De maneira como, não se alegrara dantes,
Vendo as maravilhas que o Senhor criou,
De uma forma que eu nunca vira antes.
O meu coração muito se alegrou.
De maneira como, não se alegrara dantes,
Vendo as maravilhas que o Senhor criou,
De uma forma que eu nunca vira antes.
O meu coração muito se alegrou.
Ouvindo
assim o conversar dos seres,
Numa noite escura e ao romper da aurora,
Perguntou-me a luz: - Para que sofreres
Se até mesmo as trevas muitas vezes chora?
Ouvindo assim o conversar dos seres.
Numa noite escura e ao romper da aurora,
Perguntou-me a luz: - Para que sofreres
Se até mesmo as trevas muitas vezes chora?
Ouvindo assim o conversar dos seres.
Francis
Gomes
sábado, 2 de junho de 2018
Como se escreve um poema de amor
Escrever um poema de amor
É um trabalho artesanal
Junte cada ingrediente
Da forma mais original
Aprimore com a técnica
Caso queira use a métrica
Com rimas ricas no final
Selecione bem as palavras
E vá estruturando os versos
Ajuste bem nas estrofes
Para que não fiquem dispersos
Não tenha pressa vá com calma
No íntimo de sua alma
Deixe um pouco submersos
Junte bastante sentimento
Uma pitada de romantismo
Uma porção grande de amor
Com um toque de erotismo
Apimente com sexualidade
Tempere com musicalidade
Um toque de cadência e lirismo
Depois escute o coração
E seja apenas escritor
Passe tudo para o papel
Como ouvir, sem tirar nem por.
E é assim, simples assim
Que se escreve do começo ao fim
Um poema de amor
Francis Gomes
sábado, 26 de maio de 2018
Abraço
Há vários tipos de abraços é verdade
O falso, o fingindo o sem vontade
O abraço verdadeiro de um amigo
O abraço triste da partida
Acompanhado da lágrima da despedida
Dói tanto que até parece um castigo
Aquele abraço que tira a gente do trilho
Do pai, da mãe de um filho
O abraço de um verdadeiro irmão
O abraço da chega, da saída
Um instante que vale por uma vida.
O abraço como pedido de perdão.
O abraço tímido do primeiro encontro
Que pouco a pouco passado do ponto
E a gente nem percebe que está passando
Aquele abraço no banco da praça
Meio de lado meio sem graça
Mas quando percebe já esta beijando
O abraço entre amantes, carinhoso
Aquele abraço malicioso
Que a gente cola rosto com rosto
O abraço propositalmente
atrevido
Que da para sussurrar ao pé do ouvido
Ser mordido e morder o pescoço exposto
Francis Gomes
domingo, 20 de maio de 2018
sábado, 19 de maio de 2018
O amor não tem imposições
Te amo sem exigir nada em troca
Nem teu corpo nem o teu amor
Não que eu não deseje o teu beijo
E nem queira sentir teu o calor
Mas te amo sem nenhuma imposição
De crença, classe social ou posição
Do que você é e muito menos que eu sou
Te amo não porque não tenhas defeitos
Ou porque te acho uma pessoa perfeita
Mas porque admiro muito tuas virtudes
E os teus defeitos o meu amor aceita
O meu amor não é cego, apenas incolor
Os meus olhos preto e branco ver alem cor
Mas meu sentimento indomável te respeita
Não foi você que me obrigou te amar
Também não posso te obrigar a me querer
Sendo assim só me restam duas saídas
Só existem duas coisas a fazer
Ou tenho a sorte de um dia te conquistar
Ou te amo sem nada te cobrar
Até um dia conseguir te esquecer
Francis Gomes
quinta-feira, 10 de maio de 2018
quarta-feira, 7 de março de 2018
A PERFEIÇÃO DA OBRA PRIMA
Francis Gomes
A perfeição da obra prima.
Corpo sem espírito
Espírito sem senhor
Fogo sem ter chamas
Chamas sem Calor
Abraço que não aquece
Beijo sem amor
Cabeça sem cérebro
Lábios sem sorriso
Sorriso sem emoção
Olhar que não tem brilho
Sem nenhuma sedução
Flora sem ter fauna
Terra sem ter flora
Jardim que não tem flor
Flor que não aflora
Sertão sem mandacaru
Mandacaru que não fulora
Terra vazia sem nada
Como antes da criação
Sem luz, sem água
Só abismo, escuridão
Até que Deus formou tudo
E depois criou Adão
Deus fez tudo perfeito
Mas olhando lá de cima
Viu Adão meio cabisbaixo
E para levantar sua alto estima
Aprimorou sua criação
E fez a mulher para Adão
A perfeição da obra prima.
Francis Gomes
segunda-feira, 5 de março de 2018
Crítica literária do livro UM SER TÃO ENGMÁTICO
Dica de Leitura: “Um ser tão enigmático”, de Francis Gomes
(Constructo de Alba Atróz – 20 de maio de 2017)
Numa manhã fria e chuvosa, pouco antes de embarcar num
transporte público caótico, ainda na fila, retirei da mochila “Um ser tão
Enigmático”, obra do poeta e cordelista, mestre Francis Gomes. Como sempre, a
leitura de um bom livro surgiu como um alento, tendo mesmo me distraído e
aguçado minha sensibilidade por um itinerário opressivo.
Pela porta de entrada de sua poesia, virando as páginas de
sua vida querida, atravessando os cômodos após o roçado, sendo hospedado num
sertão, entre as cercas de mourões, entre pastos, nas estiagens e secas longas,
no ofuscado momento em que sigo caminhando dando “dias” aos passantes,
sentindo-me as colunas de madeira que seguram o humilde casebre às margens da
pobre estradinha de terra, enquanto sorvo um “cafezin” feito por sua mãe e pai
após o trabalho na roça ou fabriquetas, sou distanciado do agora, do urbano e
viro piaba num rio transposto por Francis Gomes. É possível perceber que “Um
ser tão enigmático” é os “Suspiros poéticos e saudades” expressado pelo eu
lírico, pois aos moldes da obra clássica de Magalhães, nosso poeta atual também
traz as impressões sobre lugares, fatos e figuras, embora com adendos de humor
e simpatia que lhe é intrínseco, apresentando-nos suas fortes relações com o
nordeste; mais especificamente sua terra natal Assaré – sobretudo, Farias
Brito, Ceará, onde viveu sua infância e parte de sua adolescência que lhe
trouxe marcas presentes em seu jeito de ser e de agir.
A rica tradição popular, o cômico, a charada, a
corporificação do jeito nordestino, com toda sua forte imaginação para criar
lendas, constituem a beleza na obra de Francis Gomes. Viajamos na leitura cheia
de intertextualidades, onde o poeta, numa rica miscelânea de citações, traz a
moção do corpo de um lugar para outro, em diferentes tempos ou épocas, pelo
contato com a poderosa literatura. Francis é xavequeiro, é romântico, é
sedutor, tem lábia para suas musas românticas, amores que o poeta exalta em
passagens onde versos exortam não só a beleza de sua terra, mas os sentidos das
relações íntimas, quando não familiares ou amigáveis. Nas faltas de
entendimento presentes entre casais, por exemplo, o poeta nos oferece solução,
trazendo flores e motes sugestivos para amenizar as temáticas “conflitantes”.
Em seus poemas muito bem metrificados, preocupado com a estética e com a
qualidade de seu texto, Gomes vai harmoniosamente ensinando-nos a amar, a
escrever, a ler, a se apaixonar, trazendo-nos de volta a infância na rua, no
grupo de amigos, no lar, nos abraços, diante dos “enigmáticos” entendimentos
que a vida nos proporciona com o tempo, após um adeus, no ter que voltar querendo
ficar, na dor da partida, na felicidade da volta, são ensinamentos que pesam no
peito, no choro de Francis, do poeta que reconhece seu “paraíso no sertão”
descrito no b-a-bá do quadro negro da singela escola, no suor do serviço de seu
pai e de seus entes, no vem cá de sua mãe, na paisagem maltratada do sertão
cearense, olhado por um farias britense, discípulo de Patativa, que está sempre
em “guerra sintática”, por amor à arte de escrever, versos em que a gramática
entra na roda e dança homenageando seu povo e suas tradições, assim como seus
amigos do peito. É tudo tão rico, em tão poucas páginas, que o leitor fica
querendo mais. Cheguei ao meu destino satisfeito, sem sofrer as mesmas sequelas
de quando não estou lendo. Acabei, enfim, viajando à Farias Brito, vivi uma
história marcante e proveitosa, convidado por “Um ser tão enigmático” chamado
Francis Gomes. Boa leitura.
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