Os gêmeos
Meu avô era homem simples
Caipira, matuto honesto,
Sem tino para os estudos
Ele era analfabeto
Mas para contar historia
Tinha excelente memória
Era um artista completo
E no vai e vem da vida
Vai não vai às vezes vou
Lá no baú das histórias
Que meu avô me contou
Ligo o play que está parado
E trago lá do passado
Relíquias que me deixou
Por
isso meu caro amigo
Eu
chamo a sua atenção
A
história que vou contar
Não
é de minha invenção
É
mais uma que me contou
E
segundo ele passou
No
interior do sertão
Tem
coisa que a ciência
Não
consegue explicar
Deus
sabe, mas não explica,
E
a gente tem que aceitar
Dois
seres tão diferente
Um
medroso outro valente
Sair
do mesmo lugar
Segundo
vovô contou
Foi
assim que aconteceu
Filhos
do mesmo pai
A
mesma mãe concebeu
Como
Isaú e Jacó
Iran
pra não sair só
Nasceu
puxando Irineu
Um
saiu quase berrando.
O
outro bem melindroso.
O
Iran nasceu taludo
Forte,
bravo, corajoso,
Um
menino magnífico.
Já
Irineu um raquítico
Pálido,
magrelo e medroso.
Assim
foi passando o tempo
Os
dois meninos crescendo
Um
correndo para as brigas
Outro
das brigas correndo
Iran
forte e corajoso
Já
Irineu tão medroso
Que
vivia se escondendo
Iran
tornou-se um cabra
De
dois metros de altura
As
pernas era dois troncos
Os
braços desta grossura
Ninguém
brigava com ele
Quem
levasse um tapa dele
Encomendava
à sepultura.
No
dia que se invocava
E
ficava embriagado
Mandava
prender o padre
Batia
no delegado
Festa,
missa casamento,
Só
acontecia o evento
Se
ele fosse convidado
Até
mesmo um feiticeiro
Pra
fazer feitiçaria
Iran
tinha que deixar
Se
não ele não fazia
Coitado
do que teimasse
Menino
se Iran pegasse
A
chibatada comia
Teve
um feiticeiro velho
Todo cheio de mandinga
Que
disse no meu baralho
Eu
sou a carta curinga
Quero
ver qual é o macho
Que
vem mexer no meu tacho
E
quebrar minha moringa
Eu
encanto e desencanto
Faço
o nó depois desato
Deixo
viver quem eu quero
Mas
se quiser também mato
Ninguém
mexe em minha tumba
Se
eu quiser fazer macumba
Faço
de galinha pato
Quando
Iran ficou sabendo
Ficou
muito indignado
Mandou
fazer um chicote
De
couro cru enrolado
E
disse catimbozeiro
Macumbeiro
feiticeiro
Seu
feitiço tá quebrado
Numa
sexta feira à noite
Tava
aquela gritaria
No
terreiro de macumba
Santo
descia e subia
Iran
disse: mato ou morro
Porque
correr eu não corro,
Do
pai de santo ou do guia
Deu
de cabo do chicote
De
couro cru enrolado
E
partiu para o terreiro
Como
quem tava endiabado
Já
chegou descendo a lenha
Em
velho e mulher prenha
Homem
solteiro e casado
E
foi aquela algazarra
Gente
correndo e gritando
O
pai de santo que estava
Com
um guia manifestando
Na
primeira chibatada
O
guia falou qual nada
Eu vou é me retirando
O
pobre do pai de santo
Não
desatou este nó
Os
seguidores e o guia
Deixaram
ele apanhar só
E
pra aumentar a desgraça
Iran
bebeu a cachaça
Dele
fazer catimbó
Já
Irineu o coitado
Sempre
foi muito mofino
Cresceu
mas não mudou nada
Magro do pescoço fino
Os
braços eram dois palitos
As
pernas só os cambitos
E
um nariz de suíno
Tinha
medo de tudo
Que
se possa imaginar
Cobra,
rato, aranha,
Barata
então nem pensar,
Fazia
uma esparrela
Pulava
feito gazela
E
começava chorar
Não
dormia no escuro
Com
medo de assombração
Não
entrava em cemitério
Nem
segurava em caixão
Não
podia ver um morto
Que
a peste olhava torto
E
se esborrachava no chão....
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