POETA FRANCIS GOMES

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sábado, 5 de novembro de 2016

Cordel, O Segredo de Evandro e eu

O segredo de Evandro e eu


Que me conhece, conhece
Também o meu primo Evandro
Nós sempre estivemos juntos
Fosse vendo ou comprando
No mato nas ruas nas pistas
Nós éramos grandes artistas
Só quando tava aprontando

Mas na vida é deste jeito
Nem sempre a gente ganha
Tem dia que a gente bate
Tem dia que a gente apanha
Até pra quem só apronta
A sorte ás vezes é contra
E mosca pega aranha 

Com nós não foi deferente
Também não podia ser
Até pra quem sempre ganha
Chega o dia de perder
Eu até que fui poupado
Mas Evandro o coitado
Só mesmo vendo pra crer

O forró da Dona Tinha
Era muito afamado
Por ir mais mulher que homem
Ou forró abençoado
Até feio como eu
E Evandro primo meu
Era bem requisitado
  
Mesmo quem é como eu
Ás vezes meio acanhado
Toma uma, toma duas,
E a gente fica empolgado
Esquece os não que recebe
E quando a gente percebe
Tá beijando e é beijado

Mas como um dia é da caça
E outro do caçador
Um dia a mesa que ganha
No outro o jogador
Neste dia com certeza
Deu caça e deu a mesa
E Evandro foi perdedor

 Pois é, a vida aprontou,
Com o meu primo Evandro
Ele que se achava
Um dom Juan e malandro 
No forró da dona Tinha
Ele namorou Sandrinha
Que cá pra nós era Sandro

Mas este é um segredo
Que eu e Evandro tem
Só quem sabia era eu
E agora vocês também 
Pra não perder a amizade
Eu peço por caridade
Não contem pra mais ninguém

Trancado a sete chaves
Evandro sempre escondeu
Se perguntar ele nega
Diz que nunca aconteceu
Que isto não foi com ele
Mas sim com o primo dele
Que neste caso sou eu.

Mas a história verdadeira
É como eu estou falando
Meu primo chegou na festa
Faceiro todo malandro
Quando avistou a Sandrinha
Falou: Esta vai ser minha
Ou não me chamo Evandro

 E pra falar a verdade
A danada era charmosa
Das mulheres do forró
A peste era a mais cheirosa
Todo homem que olhava
No mesmo instante falava
Eita loirinha gostosa!

Os peitos eram dois melões
Blusa tomara que caia
As coxas também dois troncos
Rasgando a minissaia
Quando Sandrinha olhou
Evandro logo falou
Eu vou nadar nesta praia

 Danado, pois nadou mesmo.
Mas depois se arrependeu
Se lambuzou com melado
E no final nem comeu
Pior que o infeliz
Alem dele negar diz
Que quem fez isso fui eu

Mas vou contar pra vocês 
Como tudo aconteceu
Só não contem pra ninguém
Porque se contar fedeu.
Se Evandro desconfiar
Se o primo ao menos sonhar
É capaz de matar eu

 Olhou para ou lado e outro
E me falou: fica vendo
Presta atenção no papai
Se é que está me entendendo
Veja a pinta do rapaz
Olha bem como é que faz
E vê se vai aprendendo

O Evandro se empolgou 
Malandro como se achava
Em direção à loirinha
Parece que desfilava
Cochichou no ouvido dela
E perguntou para ela
Se a princesa dançava
  
Disse sim com a cabeça
E já saiu rebolando
Mordendo o canto dos beiços
Ele foi lhe acompanhado
Explodindo em desejo 
Evandro tascou-lhe um beijo
Passaram a noite dançando

O primo passou por mim
E disse: chupa Mané
Vê se aprende com o artista
Como ganha uma mulher
Olha o naipe desta gata
Coisa que você não cata
Com esta cara de Zé

 Saiu de punho serrado
Comemorando a conquista
Pensando que ele era
Um verdadeiro artista
Um Dom Juan sedutor
E a gata que conquistou 
Uma capa de revista

Era um tal de amassa amassa
Pelos cantos do forró
Às vezes de tão grudado
Os dois pareciam um só
Era um grude tão danado
Um no outro enroscado
Feito corda dado nó
  
E naquele pega pega
Pega aqui pega acolá
Sandrinha deixava em todos
Menos em um lugar,
Evandro sempre tentava
Sandrinha nunca deixava
O pobre primo pegar

Mas depois da meia noite
A gente bebe de mais
Muitas vezes já nem sabe
Direito o que é que faz
A Sandrinha vacilou
Foi quando Evandro pegou
E quase caiu para traz
  
Logo ele percebeu
Uma coisa diferente
De susto apertou mais forte
Depois soltou de repente
Ele notou que Sandrinha
Na verdade ela tinha
Um negócio igual à gente

Evandro não acreditando 
No que estava acontecendo
Aproveitou que ninguém 
Alem de mim estava vendo
Pegou de novo enfurecido
Sandrinha deu um gemido
Ficou pro lá se torcendo

 Depois empurrou Sandrinha
E saiu desconfiado
Cuspindo limpando os beiços
Como quem tava enojado
E pra tirar o sarro dele
Eu perguntei para ele
Se estava apaixonado

Ele disse eu te mato
Se tu falar para alguém
Aquela peste é homem
Tem é o que nós tem
Mas se acaso tu contar
Com certeza vou negar
E te difamar também

Primo você nem precisa
Me pedir mais uma vez
Eu jamais irei contar
Para alguém que tu fez
Isso a mim não compete.
Eu só postei na internet
E estou contando a vocês.

Por isso peço a vocês
Não contem pra mais ninguém
Se Evandro desconfiar
Isso não termina bem.
Mas estou desconfiado
Se eu não tivesse contado
Vocês pegavam também.



Francis Gomes

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