Escrever, não apenas
dom é técnica. Não é como fazer salada
de frutas, que você escolhe as frutas de sua preferência, corta em pequenos
cubos e pronto, é muito mais que isso.
E uma das mais antigas
artes. Começando pelos escritos em pedras,
couro, pergaminhos até chegar ao papel. Da
mesma forma que o pintor passa todo seu sentimento para uma tela assim também é
com a escrita ou pelo menos deveria ser. Começa pela escolha da tela, da tinta,
do pincel. As tintas são misturadas para criar uma uniformidade de acordo com o
que a obra vai pedindo.
É preciso pincelar, se
afastar olhar de perto, de longe, tornar a pincelar da mais uma, duas, outra e
mais outra olhada, até que a tela comece sorri para o criador.
Escrever é isso. Como falou Graciliano Ramos, é como faz as
lavadeiras, lavam a roupa, ensaboa , põe para quarar, enxágua, bate, espreme,
torna a bater, espreme e depois põe pra secar. Quem se mete a escrever deve
fazer desta forma.
Não basta apenas
juntar um monte de palavras bonitas e passar para o papel. Não. Precisa muito mais.
Escrever é viver diversas vidas em muitos
mundos. É emocionar. É tornar visível o invisível e fazer com que outros viagem
nas sinfonias das letras, nas melodias das palavras em cada frase ou versos de
um bom livro independente do estilo literário. Escrever é de certa forma por
algum momento brincar de ser Deus, a criatura sendo criador, ter em suas mãos o
poder da felicidade e da tristeza, fazer nascer e matar um personagem. É ter o
poder de domar o destino.
Por outro lado o
escritor, o poeta, é um ser que divide o melhor de si com os outros ao mesmo
tempo é egoísta. Vive rodeado de personagens e é solitário. Escrever é correr o
risco de por no papel a mais excelente das frases e algumas vezes a mais
infeliz, é viver na linha que divide as emoções.
È como fazer a
construção de uma casa. Primeiro, prepara o terreno, esquadreja, faz os alicerces.
Levanta a estrutura. E depois que tudo estiver caprichosamente levantado, em
nível e alinhado, vem o acabamento e depois do acabamento ainda vem à limpeza.
Isso é escrever. Vem à
idéia, passa pra o papel. Ler uma, duas, duas, três e outras tantas vezes, fazendo
os cortes, enxaguando como as lavadeiras, e quando tiver enxuto, limpo como a
roupa branca no sol, quando ele sorri para você, o acabamento final está
feito. Aí é presentear o leitor com o
que você tem de melhor naquele momento.
Francis Gomes
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