POETA FRANCIS GOMES

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domingo, 7 de junho de 2015

Um casamento atrapaiado sô.



O Casamento de Marizete


Minha filha Marizete
Infucou de se casar
Com o menino mais novo
Do compade Baltazar
Eu falei que não aceito
Pois a peste do sujeito
Não gosta de trabalhar

Vive pra cima e pra baixo
Só fazendo trapaiada
De bermudão e chinelo
Nunca deu um nó em nada
Ela não ouviu os pais
O povo fala de mais
 E agora ta mau falada.

Fui obrigado aceitar
Pra num arrumar intriga
O povo tava falando:
Quer ser santo Deus castiga
Quer ser muito sendo pouco
A santinha do pau ouco
Agora ta de barriga.

Ela e ele negava
Mas a gente desconfia
Pois todo pai e a mãe
Conhece bem sua cria
E se não desata o nó
Para evitar o pior
Aceita o que não queria
                               
No dia do casamento
Era aquele falatório.
Uns diziam: ta buchuda.
Outros falavam: é notório.
Não é pra fazer intriga
Mas se não fosse à barriga
Não teria este casório

O padre disse: silêncio
Controlem os intentos seus
Se não respeitam os noivos
Respeitem a casa de Deus
Dê aos filhos bom exemplo
Falando assim no templo
Parecem os fariseus.

O pai e mãe choravam
Na hora da cerimônia.
Mas a língua do povo
É uma coisa medonha.
Uns falavam: é de alegria.
Mas outra parte dizia:
Imagina, de vergonha.

O padre falou: meus filhos
Que falatório medonho
Se não for pedir de mais
Para vocês eu proponho
Respeitem o casamento
Pois os dois neste momento
Se unem em matrimônio.

O padre viu que não ia
Calar a boca do povo
Se viu tão aperreado
Como quem pisando em ovo
Querendo se adiantar
Esqueceu de perguntar
Se a noiva aceitava o noivo

Mas a noiva foi esperta
E na mesma ocasião
Falou logo: eu aceito.
Mas o noivo disse: eu não
A confusão foi na hora
E pai disse é agora,
Que eu mato este fi do cão.

A noiva aperreada
Falou papai me ajuda
Pois este cabra safado
Ta mais parecendo um Juda
Eu não ia nem falar
Mas agora vou confessar
Eu estou mermo buchuda.

A igreja veio a baixo
Foi grande o fuzuê
Desmaiou a mãe da noiva
E o noivo quis correr
O pai pra lavar a honra
Minha filha ninguém desonra
Ou casa ou vai morrer

Até os familiares
Pai e mãe do infeliz
De medo saíram correndo
Assombramento não quis
Mas o padre agoniado
Declarou os dois casados
E fugiu da igreja matriz

E depois dos dois casados
Depois que amarraram o nó
Todos foram comemorar
Na palhoça Bodocó
Com Toto mudo feliz
Até os pais do infeliz
Apareceu no forró.

Francis Gomes

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